O simples fato de coçar os olhos pode causar uma doença chamada ceratocone, responsável por 70% dos transplantes de córnea no Brasil. Em junho, uma campanha mundial alerta para este perigo. Segundo Janduhy Perino Filho, da Vista Laser & Oftalmologia, o problema afeta a estrutura da córnea, camada fina e transparente que recobre toda a frente do globo ocular “A ceratocone afina e aumenta a curvatura da córnea, que acaba sofrendo alterações. Ela deixa de ser redonda e adquire formato de cone, gerando visão distorcida e embaçada”, explica. Por esse motivo, a doença costuma ser confundida com outros problemas como miopia e astigmatismo, causando a troca constante das lentes dos óculos.
O ceratocone surge mais entre adolescentes e jovens. Estudos indicam que 1% a 5% da população possui defeitos em um gene que desencadeiam a doença. Mas, ela também depende de estímulos externos, como a coceira frequente dos olhos. “É comum em pacientes alérgicos. Por isso, é importante cuidar da alergia para que o problema não fique maior”, ressalta o especialista.
Para tratar o ceratocone é indicado o uso de óculos de grau e lentes de contato ou algumas intervenções consideradas simples. O crosslinking fortalece as moléculas de colágeno da córnea a partir de irradiação ultravioleta. O procedimento é rápido, realizado sob anestesia local e não exige internação hospitalar. Existem ainda os anéis intracorneais ou intraestromais, chamados Anéis de Ferrara, que são utilizados para regularizar a curvatura da córnea, quando os óculos e as lentes de contato não produzem mais o efeito desejado. O transplante é indicado apenas nos casos mais graves.
É importante lembrar ainda que os olhos são uma porta de entrada para o novo coronavírus. O ato de tocá-los pode levar a Covid-19 ao sistema respiratório, já que o ducto lacrimal faz a ligação entre olhos e nariz. Caso você apresente coceira constante, procure um oftalmologista.
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